Eu.. não sou só eu..

Poema de dor rasgado, sonho e danço à medida que avanço, curado, num misto de samba e fado, ritmo batido num poema falado, gestos vadios, desvios permanentes, diferentes navios em mar calmo, sereno, convés de virtude palmo a palmo, noite navegante em onda triunfante, dia distante tão perto do que sei, sensação que levei e trago na rua do destino, no fino inquebrável rosto que sorri, que vê não só isso mas muito mais em ti, em tudo, quase perco as palavras num poema mudo em acordes melódicos, tons tónicos, fortes, fascinantes, cortes de sabor, longe de distantes, como que se o vento soubesse criar amor, sentimento, acordo num bocejar solto ao relento, não entendo o tempo, apenas isto, apenas tudo, apenas nada, apenas..

O vento sopra forte de norte, na minha direcção, mas não me afasta, harmoniza-se na canção, na melodia do meu dia, na balada, suavemente criada, quem diria, hoje nasce o sol na noite que não queria! Será que só agora se criou o sonho real no que faço, ou são apenas os gestos e as palavras que pacificam o meu espaço?! Sou um sonhador, eu sei, mas quem não o é? A diferença é que eu não sonho enquanto durmo, não sonho quando acordo, aliás, nem sequer sei quando sonho, apenas sei que sonho de outro modo.. Sempre o fiz, como que um lema de vida, rigor de acorde, nunca te reparei, apenas sei tudo o que não sei, sei que não o sei sabendo que vivo num misto de coragem e medo, não medo de falhar vivendo, apenas medo de triunfar isto porque.. o meu medo não é medo, não é vazio de coragem, é apenas um gesto de carinho que suavemente me embala a viagem!

Hoje sinto-me como um novo conceito da noite que outros momentos criaram, um novo significado para todas as palavras que um dia me magoaram, hoje nada receio, nem a ansiedade disfarçada que um dia me veio, hoje sou apenas eu, isto, um verso de personalidade que nunca desisto, mais do que um olhar ou um sorriso, cá estás, acorda-me, quero sonhar algo real, diferente de tudo, um poema que já foi mudo mas que continua sem falar, canta, um gesto caído que se levanta, uma nota ao lado que não desafina, um cavalo branco nos olhos de uma menina, jogo puro de palavras que não formam versos, nem poemas, apenas sensações das mais belas nos mais belos temas e sou muito mais, palavras desiguais, versos reais, sensações tais que não só acarinham como fascinam, virei um novo significado para poemas e rimas que pode também ser o teu, sou o par do sonho da prosa que nunca me doeu, o personificar do encanto de onde a rosa cresceu.. eu.. não sou só eu..