1º Acto: Tão meiga a aragem que preparava a viagem, tão gentil a sensação vagueando na margem, tão terno o abraço que embarcava o inverno, parecia eterno de tão suave, de tão belo, um passeio pelo jardim no mais belo castelo, colhendo a flor que ao desabrochar em mim me revelo, sorrindo, não querendo ficar, partindo, de mãos dadas com o sonho e com a vida, jamais esquecida, sarando à partida uma futura ferida, de acto em acto confusamente sentida, ténue, cada vez mais ténue.. 2º Acto: Escureceu e de olhos fechados para a vida tanto me doeu, vagueio no tempo, sozinho, longe de tudo e de nada, do pensamento, do sol e da geada, da primavera que já nem espera, das ondas que navegam em sentido contrário, das palavras que me consomem bocado a bocado, dos sonhos que não se escondem, perdem-se nos acordes distorcidos do mais belo fado, nas cordas partidas do instrumento desafinado, vazio, não sinto nada, sinto o frio, não sinto nada, só sinto quando ansiosamente fecho os olhos e me minto,...
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